segunda-feira, 19 de abril de 2010

Correção de Nebari - Bonsai Milenar

A experiencia abaixo foi realizada pelo bonsaísta João Pires (Portugal). Achei ela super interessante e resolvi posta-la para apreciação dos leitores.
fonte: http://www.bonsaimilenar.com/forum/viewtopic.php?f=49&t=3460&st=0&sk=t&sd=a&start=25 
Depois de ter a certeza que este acer estava a reagir bem à raspagem feita no workshop do Milenar, chega a altura de executar a segunda operação de fundo do projecto: a reconstrução da base. Para ter uma boa árvore mais à frente, esta intervenção era obrigatória. O nebari que trazia quando a adquiri, apesar de interessante, desenvolvia-se muito na vertical. Como tinha a máquina fotográfica à mão, aqui fica então a reportagem do alporque na base do acer.

Primeiro reunir o material necessário.
Alicate para cortar alguma raiz que esteja a mais, cunha para posicionar a árvore correctamente e assim fazer os cortes perpendiculares, laminas afiadas e pulverizador com água, convém garantir o mínimo de desidratação.
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De seguida os cortes. Convém que estes sejam certos e limpos. Deve-se tirar tudo até ao cambio e em altura suficiente. Atenção para não tocar com as mãos na área limpa. Pode prejudicar o enraizamento.
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A secção da base foi aberta em todo o seu perímetro. Existem outras técnicas, deixando "faixas" de ligação entre as raízes antigas e o tronco, mas no caso do tridente, que tem um metabolismo rápido, os anéis completos e largos evitam que as feridas fechem antes do tempo.
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Posteriormente, foi construída uma parede de rede. Aqui, o efeito pretendido é idêntico ao dos "escorredores".
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O substrato utilizado é uma mistura de 50% acadama 50% vulcânica. Independentemente das propriedades das matérias utilizadas (comigo a vulcânica resulta bem nos enraizamentos), a principal característica é serem de granulometria grande, dando, em conjunto com a rede, oxigénio e espaço. Deve-se ter em atenção, ao usar estas características mais drenantes, à vigilância entre os períodos de rega.
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Na superfície do solo foi por fim colocado musgo sphagnum. Para além de ajudar a proteger as jovens raízes da desidratação, contem, segundo alguns autores, propriedades que potenciam o enraizamento.
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Por fim, foi feita uma defoliação quase total, deixando apenas os jovens rebentos. A intenção é garantir alguma actividade que ajude a puxar o futuro nebari.
Nada como uma bela tarde de nevoeiro para concluir esta operação.
Neste caso, decidi aplicar um caminho diferente. O transplante de Outono. Técnica que venho a aprender com o Rui Ferreira na Escola do Jardim de Bonsai.
Antes de começar, uma ou outra consideração.
Estamos a falar de um tridente. Muito saudável.
Este processo não se aplica a árvores mais débeis nem a espécies de crescimento mais lento.
o mais importante, neste procedimento, é que os objectivos da primeira fase sejam cumpridos. Volto a repetir. Árvore saudável, sinais de grande crescimento.
Dito isto, vamos à reportagem.

Desde a primeira intervenção, este acer cresceu muito. Como se pode ver na imagem, a sua altura atingiu mais de 2 mts (2,10m para ser mais preciso). Cresceu mais ou menos livremente desde maio e apresenta bastante rebentação.
Ao lado do tridente, podemos ver a futura caixa, mais baixa e mais larga.
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Ao retirar a rede, já dava para perceber que a operação tinha sido um sucesso.
(iImaginem se fosse com vermiculite... :mrgreen: )
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Decidi incluir esta imagem só por curiosidade. Aqui podemos ver a estratificação das raízes nos vários planos do substrato.
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Depois de vários horas a "pentear" as raízes o resultado começa a aparecer.
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Não só as novas raízes nasceram nos cortes, mas também mais acima. Fruto da técnica da rede como protecção.
(pronto... a malandra quiz fazer a vontade ao Mário... :lol: )
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Aqui, já podemos ver o "pano de raízes".
Como o objectivo na próxima estação é, mais uma vez, de crescimento generoso, não vai ser cortado quase nada. Para que a árvore possa continuar a cicatrizar, bem como aguentar os enxertos previstos.
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Para o novo substrato foi escolhida uma combinação de akadama de granolometria larga (no fundo) e média (na superfície). Não esquecer peneirar para retirar o pó excedente...
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... nem "picar" o substrato para eliminar as bolsas de ar.
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Por fim, aqui fica a imagem do tridente, já na sua nova "casa".
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Para terminar, resta-me dizer que a ramificação está longe da sua posição final. Os ramos meio tortos e fora do sítio, não são mais do que o principio da próxima etapa:
Enxertos nos sítios onde faltam ramos.

Para os mais curiosos que ficaram a pensar "então e o ápice?... onde é que foi parar?". Foi separado em guias... mais de dez... Se pegarem e forem precisas, serão utilizadas nos enxertos. Se não, uma floresta de aceres, também pode ser uma bela aventura!Imagem

1 comentários:

Tempeh - Proteina Vegetal disse...

Olá Amigo!
Qual o material mais adequado para substituir a akadama?
Valeu pela ajuda...

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