quinta-feira, 16 de abril de 2009

"Você Não Tem de Compreender Suas Aflições - Você Tem a Graça"

(You don't have to understand your afflictions - You've got Grace)
Por David Wilkerson6 de novembro de 2000
Uma querida senhora cristã de nossa lista de correspondência nos escreveu uma carta de partir o coração:
“Em 1972 perdemos um filho com a Síndrome de Down devido à pneumonia. Ele tinha só dezessete meses de idade. Sete anos mais tarde, em 1979, perdemos o nosso filho de quinze anos. Ele foi eletrocutado em nosso quintal enquanto subia numa árvore.”
“Agora o nosso filho de vinte e quatro anos está com diabetes. E eu estou com câncer e recebendo quimioterapia. Eu lhe pergunto sinceramente: é pecado perguntar a Deus, 'Por que?' Será que Ele entende nossas coisas humanas?”
“Pastor David, alguma vez o senhor ficou zangado com Deus por algum tempo? Eu já, e sei que é errado. Envergonho-me destes pensamentos. Mas fico tão confusa tentando compreender por que os cristãos sofrem tanto. Sei que não somos mais merecedores do que os outros. Mas fico abalada com todo sofrimento que estamos enfrentando.”
“Tenho medo e ansiedade. Mas quero substituir todos meus temores por uma fé robusta, apesar do sofrimento. Mesmo assim, fico perguntando: por que tanto sofrimento? Por quanto tempo vai durar?”
Fico só imaginando o horror de se achar o filho caído no chão, morto, eletrocutado. Entendo o choro da mãe: “Ó Deus, por que tive de enterrar mais um filho? Por que dois dos nossos filhos morreram, e o outro está com uma doença mortal? Eu tenho câncer, e me sinto mal por causa da radiação e da quimioterapia. Todos fomos atingidos. Por que tanto sofrimento? Quando vai acabar isto?”
Não sei explicar porque esta família tem enfrentado tantas aflições. Mas posso lhe dizer: não é pecado perguntar por que. Até o nosso bendito Senhor fez esta pergunta, pendurado na cruz, em dores. O próprio Jesus foi chamado: “homem de dores e que sabe o que é padecer” (Isaías 53:3). Eu creio que Cristo entende todo o nosso questionamento, pois Ele se encontra totalmente ligado à nossa angustia humana.
Ele ouve quando clamamos: “Deus, por que o Senhor está me fazendo passar por isso? Sei que não vem da sua mão - porém o Senhor está permitindo o ataque do diabo. Por que tenho de me levantar toda manhã com essa nuvem negra sobre mim? Por que tenho de agüentar esta dor? Quando vai acabar este pesadelo?”
O mundo secular cobra uma explicação para toda dor e todo sofrimento da vida. Muitos não crentes têm me perguntado: “Sr.Wilkerson, se Deus existe - se Ele realmente ama, como o senhor diz - por que Ele permite que as pessoas continuem morrendo de fome? Por que Ele permite que inundações e a fome destruam países pobres, acabando com milhares de uma só vez? Por que Ele deixa que a AIDS mate milhões de pessoas na África? Por que milhares estão sendo aniquilados nos países devastados pela guerra, países que nunca tiveram paz?”
“Simplesmente não consigo crer em seu Deus, reverendo. Eu devo ter mais amor do que Ele - porque se tivesse o poder, eu faria cessar todo este sofrimento.”
Não vou tentar responder por que as nações sofrem, ou por que existe esta fome terrível, ou pestes, inundações, doenças e destruições. Contudo, as Escrituras efetivamente lançam luz quanto ao sofrimento do mundo, através do retrato que traz do povo de Deus, o antigo Israel. Esta nação sofreu calamidades similares: holocaustos, cativeiro, falência econômica, doenças estranhas (das quais algumas atingiram só Israel). Algumas vezes o sofrimento de Israel era tão terrível, que até seus inimigos tiveram pena.
Por que Israel sofreu estas coisas tão terríveis? As Escrituras deixam claro: em todos os casos, eles abandonaram Deus, e se voltaram para a idolatria e a feitiçaria.
Vemos a mesma coisa acontecendo em muitos países hoje. Por exemplo: por duzentos anos, missionários transbordaram na África. Mesmo assim, países africanos inteiros rejeitaram Cristo - perseguindo e matando milhares de missionários e milhões de convertidos. Tragicamente, toda vez que um país rejeita o evangelho - e se volta para a idolatria e o ocultismo - o resultado é pobreza, insanidade, doença e sofrimento indescritível.
Isso é uma realidade no Haiti. Neste instante, o país está literalmente enlouquecido. Recebemos uma carta de um casal de missionários que nosso ministério sustenta lá. Eles dizem que seus vizinhos de cada lado foram assaltados e espancados - e acham que devem ser os próximos. Pediram que oremos por sua proteção.
Por que tanta calamidade no Haiti? Porque o satanismo manda lá, e a feitiçaria na prática é a religião oficial do estado. Observamos isto ao vivo durante uma viagem para pregações que fizemos lá. Falei com feiticeiros e vi o resultado de suas práticas de macumba: pobreza, desespero, medo, doença, fome, corrupção.
O mundo não pode pôr em Deus a culpa por nenhuma destas coisas. É uma obra clara de Satanás - ele quer que toda a influência cristã seja removida da ilha. Sim, o Haiti tem sido evangelizado - mas os haitianos estão rejeitando o evangelho, amando mais as trevas do que a luz. E o trágico resultado é o sofrimento atroz.
Por toda o planeta, os ímpios poluem a terra, o ar e o mar. No entanto o mundo culpa Deus por todas as mudanças atmosféricas que causam enchentes, fome e doenças, afligindo o homem e os animais. As pessoas insistem no direito à promiscuidade e em ter múltiplos parceiros sexuais - e no entanto culpam Deus pela disseminação da AIDS. Os funcionários da ONU recebem zombaria ao tentar ensinar abstinência sexual nos países pobres.
Aqui nos Estados Unidos, um mar de sangue inocente é derramado. Segundo os últimos números, 40 milhões de bebês foram mortos por aborto. No Congresso, está para passar uma lei que diz que se um bebê sobrevive a um procedimento abortivo, a mãe pode optar por deixar que a criança morra. O bebê é simplesmente deixado de lado - sem alimentos ou cuidados, e levado a morrer de fome. Agora em todo o país as enfermeiras estão se manifestando, declarando não conseguir dormir à noite por ouvirem o choro destas crianças mortas.
Esta geração corrupta possui uma desconsideração grosseira pela vida. Ainda assim, parecemos incapazes de atinar o porquê de nossas crianças acabarem matando os colegas de escola. Afirmamos não entender porquê cinco assim chamados adolescentes normais matam o dono de uma lanchonete chinesa por um lanche de menos de quinze dólares. A razão destas tragédias é muito clara: estamos colhendo o que plantamos, ao derramarmos sangue inocente.
Quando o mundo grita: “E onde Deus está que não vê isso?”, eu respondo: “Ele está chorando pelo que a humanidade fez.”
Quero me Concentrar na Aflição e no Sofrimento do Povo de Deus
Neste exato instante, muitos dos que lêem esta mensagem estão passando por profundo sofrimento: dor física, agitação emocional, tentações insuportáveis - e estão perguntando, “Por que?” Talvez isto lhe descreva. Você já está cansado de sentir-se perdido e condenado; sentir que Deus por alguma razão está zangado com você. Você está esgotado de se auto-examinar constantemente. Está cansado dos maus conselhos recebidos, que só lhe fizeram piorar.
Talvez há muito você se pergunte o porquê. Então você pergunta: “Senhor, Tu sabes que O amo. Minha fé em Ti é grande. Mas este sofrimento continua sem cessar. Não sei até quando vou agüentar. Até quando o Senhor vai levar isto?”
O apóstolo Paulo diz que a vida dele é um exemplo de como devemos lidar com nossas aflições. Ele escreve: “...por esta mesma razão, me foi concedida misericórdia, para que, em mim, o principal, evidenciasse Jesus Cristo a sua completa longanimidade, e servisse eu de modelo a quantos hão de crer nele para a vida eterna.” (I Timóteo 1:16).
Em minha opinião, além de Jesus ninguém sofreu tanto - de tantas maneiras, nas mãos de tanta gente - quanto Paulo. No exato momento de sua conversão, Paulo foi avisado de antemão dos sofrimentos que enfrentaria: “Mas o Senhor lhe disse...pois eu lhe (Paulo) mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome” (Atos 9:15-16). O próprio Jesus está declarando aqui: “Mostrarei a Paulo o quanto terá de sofrer por minha causa.” Igualmente, devemos seguir o modelo do exemplo de Paulo.
1. O Modelo de Paulo Começacom uma Grandeza de Revelações
As provações e os sofrimentos mais profundos são dirigidos aos consagrados servos que recebem revelações provenientes da intimidade do coração de Deus. Paulo testifica: “para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne” (2 Coríntios 12:7).
Se você submeteu seu coração inteiramente a Cristo, se está determinado a conhecê-Lo na intimidade, a buscá-Lo com entusiasmo para que lhe abra Sua palavra - então você será lançado na rota do sofrimento. Você viverá tempos difíceis, profundas agonias, grandes aflições das quais o cristão frio, carnal não tem conhecimento.
Isso foi uma verdade na vida de Paulo. Quando ele se converteu, não ficou satisfeito em aprender sobre Cristo nem mesmo através dos discípulos de Jesus em Jerusalém. Este homem queria conhecer o Senhor intimamente por si mesmo. Logo, Paulo disse: “não consultei carne e sangue” (Gálatas 1:16). Antes, se isolou na Arábia por três anos (v. 1:16-17).
Na verdade, a revelação de Cristo que Paulo recebeu não veio de uma pessoa. O apóstolo testifica: “porque eu não o recebi, nem o aprendi de homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo” (1:12).
Dou graças a Deus pelos professores bíblicos. Eles nos abrem as Escrituras, revelando muitas maravilhas e segredos da fé. Mas o fato é que a revelação de Jesus Cristo não pode ser ensinada. Tem de ser dada pelo Espírito Santo. E ela chega àqueles que, como Paulo, se fecham na sua própria Arábia, determinados a conhecer Cristo.
Uma qualidade separa os dois tipos básicos de cristãos. Um tipo diz: “Dei meu coração a Jesus” - mas é só isso que podem declarar sobre sua fé. Eles se alegram porque vão para o céu e não para o inferno. Mas não avançam em seu caminhar com Cristo.
O outro tipo diz: “Dei meu coração a Jesus - mas não vou sossegar enquanto não conhecer o Seu coração.” Este servo não descansará enquanto não carregar o fardo de Cristo, andar como Cristo andou, agradar a Deus como Cristo agradou a Deus. Este tipo de determinação simplesmente não pode ser ensinado.
Porém, fique avisado - se você quer realmente que Jesus dê a você o Seu coração, então deve ficar preparado para suportar aflições. Na verdade, a revelação que você receber será acompanhada por sofrimentos e aflições como você nunca viu.
Paulo diz que recebeu revelações de Deus que foram ocultas dos olhos dos homens por séculos: “O qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo Espírito...” (Efésios 3:5).
Quando Paulo fala de receber revelações (v.2 Coríntios 12:7), a palavra que ele usa quer dizer “retirar a venda, revelar coisas ocultas.” Deus removeu a venda de grandes mistérios da fé - e mostrou a Paulo as maravilhas de Sua palavra salvadora.
Finalmente, Paulo refere-se à uma suprema visão que recebeu catorze anos antes, logo após ter sido salvo. Ele descreve quando foi “arrebatado ao paraíso [céu] e ouviu palavras inefáveis, as quais não é lícito ao homem referir” (2 Coríntios 12:2-4). Em resumo, a Paulo foi dada uma revelação do céu que não se pode falar.
Que incrível grandeza de revelação Paulo recebeu. Ele experimentou um incrível passeio pelo céu, vendo e ouvindo coisas jamais testemunhadas ao mundo. Contudo, assim que Paulo recebeu estas revelações, ingressou em grande sofrimento.
2. O Modelo de Paulo Inclui um Espinho na Carne
“E, para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne” (2 Coríntios 12:7).
Há dois tipos de sofrimento entre os crentes. Primeiro, as aflições e as tentações comuns à toda a humanidade. Jesus diz que a chuva cai sobre os justos e os injustos (v. Mateus 5:45). Ele se refere aos problemas determinados pela vida: as lutas dentro do casamento, as preocupações com os filhos, as batalhas contra a depressão e o medo, as pressões financeiras, doenças e morte - coisas igualmente comuns aos santos e aos pecadores.
Contudo há os sofrimentos que afligem só os justos. Davi escreve: “Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor de todas o livra”. Veja, Davi não diz que o livramento é súbito ou imediato. Em muitos casos, a cura pode vir com o tempo, através da oração, da confiança e da fé.
Este é o tipo de sofrimento que Paulo enfrentava. As grandes revelações que recebeu, rapidamente o lançaram na rota da grande aflição que duraria toda a vida. Pense bem: no tempo que Paulo escreveu esta carta aos coríntios, ele era cristão por catorze anos - e ainda não havia sido liberto do espinho que descreve. Ele sabia que iria provavelmente viver com esta aflição até morrer.
Não sabemos com exatidão o que era o espinho de Paulo. Estudiosos bíblicos especulam que poderia ter sido um problema ocular, ou um defeito da fala, talvez gagueira. Há um comentarista que se estende para provar que o espinho de Paulo era uma falha no caráter - possivelmente, um temperamento explosivo. Outras especulações vão de paixões carnais, a pensamentos demoníacos que o pressionavam, até mesmo à uma esposa injuriosa. Porém todas estas suposições continuam mera especulação.
De qualquer maneira, Paulo admitia haver uma grande batalha em sua vida. Ele estava dizendo: “Ao sair daquela grande revelação do paraíso, um espinho apareceu na minha carne. Um mensageiro de Satanás me esbofeteou.” A frase “me esbofeteou” aqui quer dizer “deu um tapa em meu rosto.” Paulo está declarando: “Deus permitiu que o diabo desse um tapa em meu rosto.”
Então, o que era este mensageiro de Satanás que esbofeteava Paulo, dando tapas em seu rosto? Não creio que fosse uma mera questão física, como visão fraca ou defeito da fala. E nem acho, como já aconteceu, que o esbofeteamento de Paulo fosse uma tempestade de mentiras e acusações demoníacas destinadas a desencorajá-lo.
Não, acho que temos uma pista na frase de Paulo “para que não me ensoberbecesse” (2 Cor. 12:7). Acho que Paulo está falando aqui da auto-exaltação, orgulho pessoal. Veja, Paulo tinha sido fariseu - e todos os fariseus eram orgulhosos. Dentro deles estava impregnada uma atitude de superioridade: “Estou alegre de não ser como a multidão de pecadores comuns.” Além disso, Paulo tinha razões na carne para ser orgulhoso: era altamente inteligente, bem como abundantemente aquinhoado de dons pelo Espírito Santo.
Acho que o diabo sabia que este orgulho era a fraqueza básica de Paulo - e o atacava com isso. Ele bajulava Paulo, alisava seu ego, e o atingia com um pensamento de orgulho após o outro: “Você é o único que recebeu esta revelação.” Que maior espinho poderia haver que ter Satanás alimentando diariamente seu ponto mais vulnerável? Paulo tinha de ir à cruz constantemente, submetendo à ela seus dons, para mortificar o orgulho.
Satanás também sabia que a inclinação de Davi era a luxúria. Ele alimentou a fraqueza deste homem de Deus colocando uma mulher se banhando bem à frente dos seus olhos. Igualmente, à toda hora, o diabo dá tapas em nosso rosto com oportunidades e tentações que alimentam nosso orgulho, nossa luxúria, ambição, nosso medo - segundo a fraqueza básica que tenhamos.
Mas o diabo não podia esbofetear Paulo sem primeiro obter permissão de Deus. Sabemos, por exemplo, que Deus permitiu que Satanás testasse Jó. E agora Deus tinha um propósito ao permitir o espinho de Paulo. Ele sabia que a maior ameaça ao testemunho de Paulo não era a sensualidade, ou a ganância, ou o elogio dos homens; não, Paulo era desligado das coisas da carne. Antes, sua fraqueza era o orgulho, que veio por receber grandes revelações.
Paulo escreve: “três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim” (2 Cor. 12:8). Está dizendo basicamente: “Busquei com diligência o Senhor, de todo o coração - e Ele se revelou para mim e em mim. Até mostrou-me Sua glória nos céus. Porém, naquele exato momento, comecei a experimentar uma pulsante lembrança da minha fragilidade humana. Implorei ao Senhor: 'Remova isso. Chega desta fraqueza, deste assédio demoníaco. Até quando terei de ser humilhado por estes ataques? Até quando tenho de agüentar este sofrimento? Por favor, Senhor, livra-me.”'
3. O Modelo de Paulo FinalizaCom a Resposta de Deus.
Deus não se preocupou em explicar coisa alguma a Paulo. E não concedeu o pedido de um fim para seu sofrimento. Nem removeu o espinho ou afastou o mensageiro de Satanás. Contudo, Deus concedeu a Paulo algo muito melhor. Ele revelou como Paulo viveria todos os dias em vitória: “Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Cor. 12:9).
Deus estava basicamente dizendo: “Paulo, vou lhe conceder graça para os sofrimentos de cada dia. E isso lhe será suficiente, em tudo que enfrentar. Você não precisa compreender tudo que está enfrentando; então poderia parar de perguntar o por que. Você tem a minha graça - e isso é tudo que precisa.”
Recebemos cartas de pessoas que têm vidas de incrível sofrimento. Jovens escrevem de serem criados em lares cheios de feitiçaria - de serem espancados, abusados, negligenciados. Um moço de dezesseis anos escreve que seus pais o iniciaram nas drogas.
São pessoas que gritam: “Amo a Deus - tenho orado e O buscado. Depositei nEle toda a minha confiança. Mas à cada dia ainda enfrento inimigos poderosos - e não vejo sinal de libertação.”
Não quero desencorajar ninguém. Mas, como Paulo, a sua aflição pode ser do tipo que sobrevem aos mais justos de Deus. Se for assim, você pode ter de viver cada dia apoiado inteiramente na Sua graça. O livramento não será uma experiência súbita, de uma só vez - mas um caminhar dia a dia.
Eu lhe digo outra vez: não é pecado perguntar a Deus o por quê; por que tanto sofrimento, por que esta dor que não acaba. No entanto, também digo: você pode muito bem parar de perguntar - porque Deus não responde este tipo de pergunta. Ele não nos deve nenhuma explicação por nossos sofrimentos.
Davi pergunta com sinceridade, “Por que estás abatida, ó minha alma?...por que te (Deus) olvidaste de mim? Por que hei de andar eu lamentando sob a opressão dos meus inimigos? ...Por que te perturbas (minha alma) dentro de mim?” (Salmo 42:5,9,11). Sabemos que Deus amava Davi. Mesmo assim as Escrituras não mostram nenhum registro de Deus respondendo suas perguntas.
Jesus perguntou: “Por que este cálice não pode passar de mim? Pai, por que me abandonastes?” (v. Mateus 26:39; 27:46). Contudo em nenhum lugar da Bíblia lemos uma resposta de Deus ás perguntas do Seu amado Filho.
Eu pessoalmente tenho feito estas mesmas perguntas a vida toda. Quando eu tinha vinte e oito anos de idade, trouxe minha família para Nova York para trabalhar com as gangues e os viciados. Aí um dia, poucos anos após termos nos mudado, minha esposa Gwen começou a se dobrar de dor. Corremos para um hospital, e ela recebeu uma cirurgia de emergência. E aí ouvimos a terrível palavra: câncer. Ela tinha um tumor no intestino do tamanho de uma laranja.
Lembro-me das minhas perguntas para Deus naquela época: “Por que, Senhor? Deixamos tudo e viemos para cá seguindo sua orientação. Entregamos nossas vidas para ministrar nestas ruas. Então, por que estamos passando por isso agora? O Senhor está zangado comigo por algum a razão? O que eu fiz?”
Fiz as mesmas perguntas mais cinco vezes - toda vez que Gwen foi surpreendida por um outro câncer. Também as fiz em cada uma das vinte e oito cirurgias dela.
Perguntei a Deus outra vez em Houston, Texas, quando nossa filha Debbie jazia em posição fetal, na angústia do câncer. Ela tinha um tumor na mesma região de sua mãe. Eu gritei: “Senhor, Gwen já foi o suficiente; agora, é demais. Por que?”
Perguntei por que outra vez quando nossa outra filha, Bonnie, estava acamada num hospital em El Paso, Texas, recebendo radioterapia contra o câncer. Ela estava cercada por médicos com aventais protetores feitos de chumbo, com o corpo recebendo bombardeamento por três dias de radiação mortal. Os médicos deram à ela 30 por cento de chance de sobreviver. Eu gritei: “Deus, o Senhor tem de estar zangado comigo. Não há outra explicação. Até quando o Senhor acha que vou agüentar?”
Finalmente fui sozinho com o meu carro para uma estrada deserta - e por duas horas bradei diante de Deus: “Isso não vai acabar? Dou a Ti tudo que é meu, à cada dia. Porém quanto mais Te busco, mais sofrimento vejo.”
Também sei o que é ser esbofeteado por um mensageiro de Satanás. Tenho sido seriamente tentado e alvo de sedução. Tenho tido inimigos me provocando por todos os lados. Tenho sido caluniado por boatos, recebido falsa acusação, rejeitado por amigos. Nestas horas negras me ajoelho, chorando: “Por que, Senhor? És tudo aquilo que desejo. Por que permites que Satanás me assedie? Até quando vou ter de lutar com essa fraqueza?” Porém, assim como Deus não explicou nada para Paulo, Ele nunca respondeu minhas perguntas.
Creio que uma vez no céu, o Senhor nos explicará tudo. Teremos toda a eternidade para receber nossas respostas. E, assim que tudo nos tiver sido revelado, veremos que cada coisa era parte de um plano perfeito - orquestrado por um Pai amoroso que sabia o que era necessário para nos manter dobrados sobre nossos joelhos, e caminhando em direção a Ele.
Até Chegar Esse Dia, Deus Diz:“Tenho Toda a Graça Que Você Precisa Para Triunfar”
Sempre ouvimos que a definição de graça é, simplesmente, favor e bênção não merecidos vindos da parte de Deus. Contudo creio que graça é muito mais do que isso. Em minha opinião, graça é tudo aquilo que Cristo significa para nós na hora do sofrimento - poder, força, bondade, misericórdia, amor - para nos conduzir na aflição.
Ao rememorar os anos que se passaram, anos de grandes provações, sofrimento, tentações e aflição, posso testificar que a graça de Deus foi suficiente. A Sua graça cuidou de Gwen. E também cuidou de Debbie e Bonnie. Hoje, minha esposa e minhas filhas estão todas saudáveis e fortes - e agradeço ao Senhor por isso.
A Sua graça também cuidou de mim. E isso é o suficiente para o dia de hoje. Então, algum dia na glória, meu Pai me revelará o belo plano que tinha todo este tempo. Ele me mostrará como obtive paciência através dos sofrimentos; como aprendi a ter compaixão pelos outros; como Seu poder foi aperfeiçoado na minha fraqueza; como aprendi Sua absoluta fidelidade para comigo; como, e com esperança digo isso, me tornei mais semelhante a Jesus.
Ainda podemos perguntar por que - porém tudo continua um mistério. Estou preparado para aceitar isso até que Jesus venha para mim. Não vejo um fim para minhas provações e aflições. Eu as tenho tido por mais de cinqüenta anos, e elas continuam.
Porém, em todas essas coisas, continuo recebendo uma porção sempre crescente do poder de Cristo. Na verdade, as maiores revelações que tive de Sua glória vieram durante os tempos mais difíceis. Semelhantemente, em seus momentos mais fracos, Jesus liberará em você uma medida maior do Seu poder.
Poderemos jamais compreender a nossa dor, nossa depressão e nosso desconforto. Poderemos jamais saber por que nossas orações para cura não foram respondidas. Mas não precisamos saber o porquê. Nosso Deus já nos deu a resposta: “Você tem a minha graça - e, meu filho amado, é só disso que você necessita.”

ORAÇÃO DO JUSTO


Fé Sem Intimidade Não É Fé

Fé Sem Intimidade Não É Fé
(Faith Without Intimacy is no Faith at All)
Por David Wilkerson
25 de junho de 2001

Sempre pensei na pergunta que Jesus faz em Lucas 18:8: “Contudo, quando vier o Filho do homem, achará, porventura, fé na terra?” O que o Senhor poderia estar dizendo com isso? Olhando para a igreja de Jesus Cristo atualmente, entendo que nenhuma outra geração tem se concentrado tanto na fé quanto a nossa.
Parece que todos estão falando sobre fé. Sermões sobre este tópico abundam. Cursos e conferências sobre a fé são organizados pelo país. Livros sobre o assunto cobrem as prateleiras das livrarias cristãs. Multidões de cristãos se reunem para ganharem apoio e encorajamento através de uma mensagem sobre fé.
Hoje há pastores da fé, mestres da fé, movimentos da fé, até igrejas da fé. Claramente, se há um tipo de especialização ocorrendo na igreja nos dias de hoje, é sobre esta área da fé.
Contudo, tristemente, aquilo que a maioria das pessoas considera ser fé hoje, não é fé em absoluto. Na verdade, Deus rejeitará muito do que está sendo chamado e praticado como fé. Ele simplesmente não aceitará isso. Por que? Porque é fé corrompida.
Muitos pregadores atualmente humanizam totalmente o tópico da fé. Eles descrevem a fé como se ela existisse só para ganho pessoal, ou para atender à necessidades pessoais. Ouvi alguns pastores declarando: “Fé não é pedir a Deus o que você precisa. É perguntar a Ele o que sonhar: se você consegue sonhar uma coisa, então pode tê-la”.
A fé que estes homens pregam é material, arraigada neste mundo, materialista. Ela motiva os crentes a orarem assim: “Senhor, me abençoe, me faça prosperar, me dê”. As necessidades de um mundo perdido não são consideradas. Eu não consigo dar a ênfase necessária: este tipo de fé não é o que Deus deseja de nós. Ela não pode ser para ganho desprovido de piedade.
Há uma doutrina de fé particularmente perigosa sendo esposada hoje em dia. Ela sustenta que os crentes mais piedosos são os que “aplicaram a fé” para ganhar uma vida confortável para si. De acordo com esta doutrina, as pessoas que devemos imitar são aquelas que dirigem os carros maiores e mais caros, e possuem as casas maiores e mais lindas.
Isso é heresia total. Se assim fosse, então os crentes mais santificados seriam aqueles que ludibriam financeiramente. Significaria que nosso objetivo diário é agir por todas as maneiras em favor de ganho próprio. Esse simplesmente não é o evangelho de Jesus Cristo.
Porém nesta mensagem não estou focalizando os pregadores da prosperidade, ou doutrinas de ganho pessoal. Quero me concentrar naqueles que verdadeiramente amam Jesus, e que desejam viver pela fé de um modo que O agrade. A minha mensagem para cada um destes crentes é a seguinte: toda fé verdadeira nasce da intimidade com Cristo. O fato é que, se a sua fé não vem a partir desta intimidade, ela não é fé aos Seus olhos.
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Hebreus 11 Fala de Um Padrão Bíblico de Intimidade
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Quando lemos Hebreus 11, encontramos um denominador comum na vida das pessoas mencionadas. Cada uma tinha uma característica pessoal que denota o tipo de fé que Deus ama. Qual era esse elemento? Era: sua fé havia nascido da profunda intimidade com o Senhor.
O fato é que é impossível possuir uma fé que agrade a Deus sem compartilhar intimidade com Ele. O quê quero dizer com intimidade? Estou falando da proximidade com o Senhor que vem de se desejá-Lo ardentemente. Este tipo de intimidade é um laço de união, comunhão. Vem quando desejamos o Senhor mais do que qualquer coisa na vida.
Vejamos apenas quatro exemplos de servos cheios de fé, que andaram perto de Deus, como mencionado em Hebreus 11:
1. O nosso primeiro exemplo é Abel. As escrituras declaram: “Pela fé, Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim; pelo qual obteve testemunho de ser justo, tendo a aprovação de Deus quanto às suas ofertas. Por meio dela, também mesmo depois de morto, ainda fala” (Hebreus 11:4).
Quero observar várias coisas significativas neste versículo. Primeiro, o próprio Deus testificou quanto às ofertas de Abel. (Note que havia mais do que uma oferta. Abel claramente oferecia sacrifícios ao Senhor com freqüência).
Segundo, Abel tinha de edificar um altar ao Senhor, para onde trouxesse os sacrifícios. E ele oferecia não apenas cordeiros sem mácula para o sacrifício, mas também a gordura desses cordeiros. As escrituras nos dizem: “Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura deste” (Gênesis 4:4).
Qual o significado da gordura aqui? O livro de Levíticos diz; “é manjar da oferta queimada, de aroma agradável. Toda a gordura será do Senhor” (Levit. 3:16). Em resumo, a gordura é alimento para Deus.
Veja, a gordura era a parte do sacrifício que fazia levantar o doce aroma. Essa parte do animal pegava fogo rapidamente e era consumida, produzindo em torno o doce perfume. O Senhor diz o seguinte em relação à gordura: “Estatuto perpétuo será durante as vossas gerações, em todas as vossas moradas; gordura nenhuma nem sangue jamais comereis” (3:17). A gordura é do Senhor.
A gordura aqui serve como tipo de oração ou comunhão aceitável a Deus. Ela representa nosso ministério junto ao Senhor no lugar secreto de oração. E o próprio Senhor declara que esta adoração íntima sobe a Ele como doce perfume.
A primeira menção na Bíblia quanto a este tipo de adoração é por Abel. Abel permitiu que o sacrifício e a gordura fossem consumidos no altar do Senhor. Isso quer dizer que ele aguardou na presença de Deus até que o sacrifício subisse aos céus.
É por isso que Abel é listado no hall da fama de Hebreus 11. Ele é um tipo do servo em comunhão com o Senhor, oferecendo-Lhe o melhor que possuía. Como Hebreus declara, o exemplo de Abel permanece hoje como testemunho de fé real e viva: “mesmo depois de morto, ainda fala” (Hebreus 11:4).
Como Abel obteve tal fé? Imagine as tremendas conversas que este jovem deve ter ouvido de seus pais, Adão e Eva. O casal obviamente falava dos antigos dias no jardim com o Senhor. Sem dúvida mencionaram os grandes momentos de comunhão com Deus, caminhando e conversando com Ele no frescor do dia.
Imagine o que passava pela cabeça de Abel ao ouvir estas histórias. Ele provavelmente pensava: “Como deve ter sido maravilhoso. Meu pai e minha mãe tinham uma relação viva com o próprio Criador”.
Ao refletir sobre isso, Abel deve ter tomado uma decisão em seu coração: ele resolveu que não iria viver fora deste histórico de seus pais. Ele não iria querer se adaptar à uma mera tradição passada a ele. Ele teria de receber o seu próprio toque vindo de Deus.
Pode ser que Abel tenha se dito: “Não quero ficar ouvindo de experiências antigas com o Senhor. Quero conhecê-Lo agora, para mim próprio, hoje. Quero um relacionamento com Ele, ter comunhão com Ele”.
Este é exatamente o tipo de “gordura” que devemos oferecer a Deus hoje. Como Abel, devemos Lhe dar o nosso melhor horário, em nosso lugar secreto de oração. E devemos gastar tempo suficiente lá, em Sua presença, permitindo que Ele consuma as nossas oferendas de adoração e comunhão íntimas.
Agora, compare as ofertas de Abel com as de seu irmão, Caim. Caim trouxe frutas ao Senhor, uma oferta que não exigia altar. Não havia gordura, óleo, nada para ser consumido. Como resultado, não havia doce aroma para subir aos céus.
Em outras palavras, não havia intimidade envolvida, não havia trocas pessoais entre Caim e o Senhor. Veja, Caim trouxe um sacrifício que não exigia que ele permanecesse na presença de Deus, buscando Sua comunhão. É por isso que as escrituras dizem que a oferta de Abel era “mais excelente” que a de Caim.
Agora, não se engane: Deus honrou o sacrifício que Caim Lhe trouxe. Mas o Senhor olha o coração, e Ele sabia que Caim não ansiava estar em Sua presença. Isso ficou claro no sacrifício que Caim escolheu ofertar.
Em minha opinião, Caim representa muitos cristãos de hoje em dia. Estes crentes vão à igreja toda semana, adorando a Deus e pedindo que os abençoe e faça prosperar. Mas não têm o desejo de intimidade com o Senhor. Querem que o Pai celestial responda suas orações, mas não desejam relacionamento com Ele. Eles não buscam Sua face, não desejam ardentemente Sua proximidade, não anseiam por Sua comunhão. Como Caim, eles simplesmente não têm vontade de permanecer em Sua presença.
Em contraste, o servo fiel busca o toque de Deus em sua vida. Como Abel, ele não vai se prender a algo menor do que isso. Este servo diz a si próprio: “Estou resolvido a dar ao Senhor todo o tempo que Ele quer de mim em comunhão. Anseio ouvir Sua voz suave e terna falando comigo. Então vou ficar em Sua presença até que me diga que está satisfeito”.
2. Enoque também desfrutou de íntima comunhão com o Senhor. Em verdade, sua comunhão com Deus era tão íntima, que o Senhor o trasladou para a glória muito antes do que poderia ter sido o fim de sua vida terrena. “Pela fé, Enoque foi trasladado para não ver a morte; não foi achado, porque Deus o trasladara. Pois, antes da sua trasladação, obteve testemunho de haver agradado a Deus” (Hebreus 11:5).
Por que o Senhor optou por trasladar Enoque? As palavras iniciais deste verso nos dizem claramente: foi por causa de sua fé. Além disso, a frase final diz que a fé de Enoque agradava a Deus.
A Bíblia diz que Enoque começou a andar com o Senhor depois de ter gerado seu filho, Matusalém. Enoque tinha sessenta e cinco anos nesta época. Ele então passou os próximos 300 anos em comunhão íntima com Deus. Hebreus deixa claro que Enoque estava tão ligado ao Pai, tão próximo dEle em comunhão à toda hora, que Deus optou por levá-lo para Si. O Senhor disse a Enoque, basicamente: “Não dá para progredir mais contigo dentro dos limites da carne. Para aumentar minha intimidade contigo, tenho de te trazer para o meu lado”. Então Ele rapidamente arrebatou Enoque para a glória.
Segundo as escrituras, foi a intimidade de Enoque que agradou tanto ao Senhor. Tanto quanto sabemos, este homem nunca realizou um milagre, nunca desenvolveu uma teologia profunda, nunca fez grandes obras que merecessem menção nas escrituras. Em vez disso, lemos esta descrição simples da vida deste homem simples: “Andou Enoque com Deus”.
Enoque tinha comunhão íntima com o Pai. E sua vida ainda é um outro testemunho do que significa verdadeiramente andar em fé.
3. O nosso próximo exemplo de um caminhar íntimo de fé com Deus é Noé. Hebreus diz: “Pela fé, Noé, divinamente instruído acerca de acontecimentos que ainda não se viam e sendo temente a Deus, aparelhou uma arca para a salvação de sua casa; pela qual condenou o mundo e se tornou herdeiro da justiça que vem da fé” (Hebreus 11:7).
Quando lemos a história deste homem em Gênesis, descobrimos que “Noé achou graça diante do Senhor” (Gênesis 6:8). O verso seguinte diz como ele achou essa graça: “Noé andava com Deus” (6:9). Noé conhecia claramente a voz de Deus. Toda vez que o Senhor lhe falava, ele obedecia. Repetidas vezes lemos: “disse Deus a Noé...Assim fez Noé, consoante a tudo o que Deus lhe ordenara” (v. 6:13,22; 7:1,5; 8:15, 18).
Tente imaginar o quanto de tempo Noé deve ter passado a sós com Deus. Afinal de contas, ele tinha de receber instruções detalhadas do Senhor quanto a como construir a arca. Porém a intimidade de Noé com Deus foi além da orientação que recebeu. As escrituras dizem que o Senhor compartilhou Seu coração com Noé, mostrando-lhe o mal do coração humano. E revelou a Noé os Seus planos para o futuro da humanidade.
4. Abraão também compartilhou de íntima comunhão com o Senhor. Pense na maneira pela qual o próprio Deus descreveu o relacionamento com esse homem: “Abraão, meu amigo” (Isaías 41:8). Igualmente, o Novo Testamento nos diz: “Abraão creu em Deus...e: foi chamado amigo de Deus” (Tiago 2:23).
Que incrível recomendação, ser chamado amigo de Deus. A maioria dos cristãos tem cantado o conhecido hino “Em Jesus Amigo Temos”. Estas passagens bíblicas nos trazem esta verdade com poder. Ter o Criador do universo chamando um homem de Seu amigo parece além da compreensão humana. Porém isso aconteceu com Abraão. É um sinal da grande intimidade deste homem com Deus.
Em hebraico a palavra aqui usada por Isaías para amigo quer dizer afeição e proximidade. E em grego, a palavra que Tiago usa para amigo quer dizer aliado querido e próximo. Ambas implicam em intimidade profunda.
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O Resultado da Proximidade com Deus
Não É Só Uma Afeição Íntima pelo Senhor,
Mas Também um Desapego Progressivo Por Este Mundo
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Quanto mais nos aproximamos de Cristo, maior se torna nosso desejo de viver inteiramente em Sua presença. E mais, começamos a ver mais claramente que Jesus é o nosso único fundamento real.
A Bíblia diz que Abraão “aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador” (Hebreus 11:10). Para Abraão, nada nesta vida era permanente. As escrituras dizem que o mundo era um “lugar estranho” para ele. Não era um lugar para se fincar raízes.
Contudo Abraão não era nenhum místico. Ele não era um ascético que adotava um aspecto beatificado e vivia confuso espiritualmente. Era um homem com vida terrena, profundamente envolvido em negócios. Afinal de contas, era o proprietário de milhares de cabeças de gado. E tinha servos em número suficiente para formar uma pequena milícia. Abraão devia ser um homem ocupado, dirigindo os servos e comprando e vendendo gado, ovelhas e bodes.
Porém ainda assim, a despeito de seus tantos negócios e responsabilidades, Abraão achava tempo para intimidade com o Senhor. E porque andava perto de Deus, ele ia ficando cada vez mais insatisfeito com esse mundo. Abraão era rico, próspero, com muitas coisas boas para mantê-lo ocupado. Porém, nada nesta vida conseguia desviar a atenção dele do anseio pela pátria celestial no porvir. Cada dia, ele mais e mais ansiava se aproximar deste lugar melhor.
A pátria celestial pela qual Abraão ansiava não é literalmente um lugar. Antes, trata-se de estar no recôndito do Pai. Veja, no original, a palavra para esta expressão “pátria celestial”, é Pater. Vem de uma raíz significando Pai. Então, a pátria celestial que Abraão buscava era, literalmente, um lugar com o Pai.
O que isso significa para nós hoje? Significa que mudar para esta pátria celestial não é só chegar ao céu um dia no futuro. Trata-se de, a cada dia, desejar ardentemente experimentar a presença do Pai agora mesmo.
Hebreus diz que os quatro homens mencionados - Abel, Enoque, Noé e Abraão - morreram na fé (v. Hebreus 11). Cada um deles se desapegou do espírito do seu tempo. E cada um buscava uma nova pátria. O mundo simplesmente não era o seu lar.
Porém, isso não quer dizer que eles ficaram esperando até chegar ao céu para desfrutar da proximidade com o Pai. Pelo contrário, como peregrinos passando por essa vida, eles continuamente buscavam a presença de Deus. Nada no mundo conseguia fazê-los parar de se mover à frente, buscando um caminhar mais profundo e íntimo com o Pai.
Através de seus fiéis exemplos, estes homens diziam: “Busco um lugar mais próximo do Pai. E este lugar está além do que este mundo tem a oferecer. Vejo com carinho as tantas e abençoadas dádivas que Deus tem me dado em meus familiares, e amigos piedosos; nada no mundo poderia substituir o amor que tenho por eles. Mas sei que há um amor ainda maior, a ser experimentado com o Pai”.
Hebreus 11 fala de muitos outros cujo caminhar íntimo de fé agradou ao Senhor. Pela fé, estes servos forjaram grandes milagres, e fizeram muitas coisas impressionantes. E ao examinarmos suas vidas, vemos que eles também compartilharam de um mesmo denominador comum: todos abandonaram este mundo e seus prazeres, para andar intimamente com Deus.
Será que você pode fazer a mesma reivindicação? Será que o seu coração anseia por andar mais próximo do Senhor? Será que está havendo uma insatisfação crescente em você com as coisas deste mundo? Ou, está o seu coração preso à coisas temporais?
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Sem Intimidade,
A Sua Fé Não é Verdadeira aos Olhos de Deus
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Marcos 4 relata uma história com Jesus e os discípulos, num barco que estava sendo agitado em meio à tempestade no mar. Ao chegarmos à cena, Jesus acaba de acalmar as ondas com uma única ordem. Agora Ele se volta aos discípulos e pergunta: “Como é que não tendes fé?” (Marcos 4:40).
Isso pode soar áspero. É humanamente normal ter medo numa tempestade destas. Mas Jesus não estava os estava desaprovando por essa razão. Não, Ele estava lhes dizendo, “Depois de todo este tempo comigo, vocês ainda não sabem quem Sou. Como é possível vocês terem andado comigo por tanto tempo, e não Me conhecerem intimamente?”
Na verdade, os discípulos estavam atônitos pelo incrível milagre que Jesus havia acabado de operar. As escrituras dizem: “E eles, possuídos de grande temor, diziam uns aos outros: Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?” (4: 41).
Dá para você imaginar isso? Os próprios discípulos de Jesus não O conheciam. Ele havia chamado pessoalmente cada um destes homens para segui-Lo. E eles haviam ministrado ao Seu lado, á multidões de pessoas. Haviam operado milagres de cura, e alimentado grande quantidade de gente faminta. Mas eles eram ainda estranhos em relação a quem seu Mestre realmente era.
Tragicamente, o mesmo é verdade hoje. Multidões de cristãos têm andado de barco com Jesus, ministrado ao Seu lado, alcançado multidões em Seu nome. Mas realmente não conhecem Seu mestre. Não passam tempo trancados em intimidade com Ele. Nunca se assentaram em quietude em Sua presença, Lhe abrindo o coração, esperando e ouvindo para compreender o que Ele quer lhes dizer.
Vemos outra cena relacionada à fé dos discípulos em Lucas 17. Eles foram até Jesus pedindo: “Aumenta-nos a fé” (Lucas 17:5).
Muitos cristãos hoje fazem a mesma pergunta: “Como vou obter fé?” Mas eles não buscam o Senhor em pessoa para a resposta. Em vez disso, saem correndo para cursos que proclamam ensinar aos crentes como aumentar a fé. Ou, compram pilhas de livros que oferecem dez passos rápidos para aumentar a fé. Ou, viajam centenas de quilômetros para ouvir conferências sobre a fé, feitas por proeminentes evangelistas e mestres.
Posso lhe dizer desprovido de qualquer dúvida: você jamais aumentará de verdade sua fé por nenhuma dessas maneiras. Se você quer aumentar a fé, terá de fazer a mesma coisa que Jesus mandou os discípulos fazerem nesta passagem. Como Ele respondeu aos pedidos por fé? “cinge-te e serve-me, enquanto eu como e bebo” (Lucas 17: 8).
Jesus estava dizendo, em essência: “Ponha o seu traje de paciência. Então venha à minha mesa e ceie comigo. Quero que me alimente aí. Você trabalha feliz para Mim o dia todo; agora quero que tenha comunhão comigo. Sente-se comigo, abra seu coração, e aprenda de Mim. Há tantas coisas que quero falar para a sua vida”.
Não arrume mais explicações teológicas para a fé. Não procure mais passos para tentar obtê-la. Simplesmente fique a sós com Jesus, e deixe que Ele passe Seu coração para você. Fé real nasce no lugar secreto da oração íntima. Então, vá a Jesus e aprenda dEle. Se você passar um período de qualidade em Sua presença, a fé certamente virá. Ele fará nascer fé em seu coração como você nunca conheceu. Acredite, quando ouvir Sua voz suave e terna, a fé explodirá dentro de você.
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A Pátria Celestial --
a Cidade Com Fundamentos,
Buscada por Gerações Antes de Nós --
É o Lugar em Que Vivemos Agora
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Aquele lugar, aquela cidade, está em Cristo pela fé. O descanso pelo qual os antigos ansiavam, é encontrado nEle. Recebemos hoje a promessa que eles só podiam antever e abraçar pela fé.
Jesus disse: “Abraão, vosso pai, alegrou-se por ver o meu dia, viu-o e regozijou-se” (João 8:56). Abraão anteviu um dia quando Cristo viria à terra e edificaria o fundamento que previu. E o patriarca se alegrou em conhecer um povo abençoado vivendo neste dia. Ele sabia que viveriam desfrutando de acesso ininterrupto à conversação celestial, e de comunhão com Deus.
Hoje, porém, muitos cristãos estão perdendo totalmente esta promessa. Pelo contrário, vivem em agitação desnecessária. Eles se apressam de lá para cá, tentando produzir uma fé “de resultados”. Estão constantemente presos á uma correria de atividades, fazendo coisas para Deus, que no fim viram apenas fadiga. Eles jamais ficam totalmente descansados em Cristo. Por que? Porque eles simplesmente não se fecham com o Senhor, para ficar horas silenciosas a sós com Ele.
Se está apaixonado por uma pessoa, você quer ficar na presença dessa pessoa. Os dois querem compartilhar a vida, abrindo o coração, e se tornando íntimos. A mesma coisa se aplica a nosso relacionamento com Jesus. Se O amamos, deveríamos constantemente estar pensando: “Quero ficar com o meu Senhor. Quero desfrutar da Sua presença. Então vou me aproximar dEle, e esperar em Sua presença até eu saber que Ele está satisfeito. Vou ficar até ouvi-Lo dizer: ‘Pode ir agora, e alegre-se no Meu amor”’.
Há poucos dias, ouvi a suave e terna voz do Senhor me cochichando algo após minhas orações com Ele. Ele disse: “David, por favor não se vá já. Fique comigo. Há tão poucos que mantém comunhão comigo, tão poucos que Me amam, tão poucos que permanecem para ouvir o Meu coração. E tenho tanto a compartilhar”. É quase um choro, um pedido para que eu ouça Sua voz.
E aí o Senhor me diz: “Quero lhe mostrar aonde vejo sua fé, David. Ela está em você vir até Mim. Está em você Me servir (à mesa), está em você ministrar para Mim, até ouvir e saber o que está no Meu coração”.
“A sua fé está em seu desejo crescente de vir à Minha presença. Está em você ficar ansioso pela próxima vez em que estaremos juntos. Está naquela consciência que você desenvolveu, de que estar a sós comigo é a alegria de sua vida.”
“Já não é trabalho, para você, se aproximar de Mim, não é mais uma coisa trabalhosa. Agora você fica aguardando isso o dia todo. Você sabe que quando sua obra estiver finda, você virá para Mim, para me alimentar e comunicar-se intimamente comigo”.
Isso é verdadeira fé.

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